sábado, 26 de agosto de 2017

Quando o final nem sempre é feliz mas há personagens essenciais no percurso

Algum tempo de ausência na escrita, eu assumo. Escrevo tanto na mente mas, passar para o mundo partilhável vai sendo complicado, por questões de disponibilidade ou, principalmente, por não saber de que forma transformar o que sinto, em algo escrito e perceptível para quem possa, eventualmente, querer ler.

Tenho escrito os últimos textos acerca do meu serviço, do que de brilhante ali se faz pelo bem dos que cuidamos e até de histórias felizes e concretas. Nem sempre é assim. Gostava de escrever e dedicar um pouco do meu espaço, deste meu canto, a cada um dos que tenho “perdido”, dos que TODOS, temos “perdido”. Não perco apenas eu como pessoa e enfermeiro, não “Tu” que estarás a ler este texto, nem sequer os pais ou familiares. Perde o Mundo em que vivemos, pela grandiosidade e essência de que cada ser que ali passa. 
Existem batalhas duras é verdade, existem guerras que são vencidas e existem outras em que, infelizmente, não há finais felizes. Este é um facto.

Gostaria de homenagear cada um dos heróis que perdemos mas não conseguiria fazê-lo em espaço tão limitado, o que seria injusto para com aqueles que mereciam o mundo e, por alguma razão, o “monstro” levou o melhor. O que esse monstro não contava é que, no cérebro humano, há capacidade para manter vivo quem nos é mais querido, quem nos marca de alguma forma e, por essa via acreditem: essas crianças de que falo, vivem para sempre.
Não exagero quando o digo. Passam dias, meses ou até anos e a verdade é que cada criança é lembrada e falada tantas vezes, entre nós profissionais, que não é possível pensar que algum dia serão esquecidas. Não há local que conheça, e tenha trabalhado, onde cada paciente é tratado sempre pelo nome e se conhecem (quase) todos os casos e histórias daqueles com quem contactamos. Quer sejam histórias com final feliz, ou não. 

Por aqui, passe o tempo que passar, estejamos presentes no momento ou saibamos apenas depois, a partida das crianças que cuidamos torna-se sempre difícil. E talvez por essa razão, por ter perdido nos últimos tempos mais crianças do que pensaria, me tem sido difícil escrever. Só nos últimos tempos vi partir a princesa Elsa, o Super-Homem e a Gatinha. Não falarei obviamente em nomes, mas também tenho a certeza que eles, tal como quem com eles teve o privilégio de privar, saberá a quem me refiro. São o exemplo que o destino, se é que ele existe, é imprevisível. Que os poderes que temos ao nosso alcance, são maiores do que calculamos mas, nem mesmo eles, nos garantem sucesso nas nossas lutas. Mas a maior lição que vos posso passar da história comum destes 3 pequenos grandes seres, é que a luta não foi facilitada por parte deles. A luta durou meses a anos e a garra foi contínua, contudo nas guerras, o campo de batalha nem sempre nos é favorável e os heróis nem sempre têm o final feliz que idealizamos. O nosso papel nestas lutas, é garantir que jamais seja uma guerra em vão, que mesmo quando há uma derrota, sejam lembrados os mais bravos do quartel e do pelotão. Este é o papel do meu texto.

Quero lembrar-vos e dizer-vos que me foi tão duro ver-vos perder esta guerra. Que vi e assisti a um percurso cheio de suor e lágrimas, quer vossas quer dos vossos pais e familiares. Tenho na mente frases e brincadeiras vossas que não me esquecerei e garanto que, certamente, ninguém com quem privaram se esquecerá. Ensinaram toda a gente o que é, uma vez mais, o amor e a garra de lutar pelo que se quer, mesmo sem saberem, provavelmente que o estavam a fazer.

Princesa Elsa a ti quero apenas dizer que foi uma honra ter usado o teu gorro da trança, mesmo sem saber que era teu! E a tua cara de felicidade quando to devolvi, achando tu que ele se tinha perdido. No inicio sempre tão difícil de nos permitires chegar a ti, até que o teu lado carinhoso prevaleceu e nos permitiste fazer parte da tua vida. Apesar disso quase que levei com “uma cavala na cabeça” por te provocar em tom de brincadeira e não me vou esquecer disso e das gargalhadas de todos na sala. Sempre que ouço a música do filme é inevitável vires à minha mente, pelo que é mais uma garantia tua para que nunca te esqueça!




Super-homem, este é e será o teu nome. Não arriscaria voltar a tentar dizer a tua identificação secreta, que as pessoas teimam em chamar de nome, pois sei que já não o querias usar. A tua identidade será mantida e sempre que vir o super-homem sei quem estará por detrás daquela capa!

Gatinha, a ti quero dizer-te que muitas são as memórias que guardo de momentos contigo, dos miares e das pinturas das minhas mãos! Se essa era a forma de conseguir a tua atenção, pois que assim fosse. Lembro-me da forma adulta e, ao mesmo tempo carinhosa, com que falavas e olhavas, desde o dia que te conheci,até ao dia em que partiste. Não esquecerei ainda os abraços apertados e sinceros. Obrigado pela honra de me teres “autografado” a mão.



Tantos são os que chegam, alguns são os que acabam por partir mas acreditem que todos, sem excepção, são lembrados e à sua maneira vão deixando em nós a sua marca. Como já outrora disse, são crianças e, como tal, são puros e gostam e ligam-se mais a uns enfermeiros que a outros. E isso é o mais natural, contudo marcam toda a gente de forma transcendente pelas suas particularidades.
Por tudo isto, com todas as vitórias e derrotas com que somos confrontados, reforço que é uma honra poder conhecer cada uma destas crianças e, tal como já falei com uma grande amiga e colega deste serviço: No dia em que a morte de uma criança não me marcar e seja isenta de sentimento, estará na hora de mudar de rumo, pois nada mais fará sentido. Recuso acreditar que com o tempo será "menos penoso". Até lá, mesmo com o risco sempre iminente de perda, estou onde sempre quis estar e onde, enquanto enfermeiro e pessoa, a minha vida faz mais sentido. Obrigado por me ensinarem diariamente, a ser o que sou.

E não posso é contudo esquecer outras pessoas que são tão essenciais durante todo este processo: os pais ou quaisquer outros familiares ou cuidadores que cada criança tem.
Isto porque hoje, houve um episódio tão puro e peculiar a que assisti e ficou gravado na minha mente e passo a descrever:
- “Eu não te mereço” – Diz a mãe à filha;
- “porque não me mereces?” – pergunta, surpresa, a filha (a referir que é uma criança em idade pré-escolar);
- “Porque és boa demais para mim!” – Responde a mãe em jeito de conclusão.

Foi um momento único, que culminou com um beijo da mãe na testa da filha. Em mim senti cada palavra e emocionou-me. Impossível não me arrepiar.

Ali, as crianças mostram ser muito mais do que aquilo que eram. Deixam de ser “apenas crianças”. Se cada criança do mundo é especial, ali há uma transcendência desta definição. São obrigadas a ser o seu melhor. Os pais, que já as amam, dão de si mais do que algum pai pensaria ter de dar e isso é visível. Esgotam a sua energia, dormem mal (quando dormem), não comem como deveriam, as rotinas de vida e, até as orgânicas alteram. Tudo pelo alívio de qualquer sinal ou sintoma nos seus filhos. E ainda acham, no fim, que não os merecem porque eles são bons demais.
E são. São demasiado bons e especiais mas pais: vocês merecem os filhos extraordinários que têm. Se eles, que lutam contra uma doença com a qual nunca deveriam ter de lutar, vocês são as armas deles, são os cavalos que os transportam na guerra, são a cama onde eles repousam, são a comida que os alimenta, são a motivação para se manterem de pé e caminhar e são, aquando das derrotas, quem se encarrega de honrar as suas maiores vitórias! Por tudo isto não se desvalorizem.

Se passando no corredor nos centramos nas crianças, se nos cuidados focamos nelas as necessidades, não é menos notória a vossa presença. Reparo muitas vezes nas vossas faces, às portas dos quartos a ver o tempo passar e ele não colabora. Vejo tantas vezes as vossas olheiras marcadas, indicando que o sono se tornou um luxo para apenas alguns. Vejo-vos deslocarem-se ao WC realizar cuidados de higiene pessoal, sempre à pressa, aproveitando pequenas sestas ou momentos em que alguém pode tomar conta dos vossos filhos. Vejo-vos solicitar pacientemente na copa a comida para as crianças, mesmo quando sabem que ingerirem uma ou duas colheres do que eles próprios pedem, já será uma vitória. Vejo-vos, quando vos é possível, na varanda, a simplesmente respirar ar do exterior, e tirar os 5 ou 10 minutos que é possível para vocês.
E mesmo depois de tudo isto ainda vejo, sem saber como, tantos de vocês sempre dispostos a esboçar um sorriso aos profissionais ou quem vos visita, adicionado a uma ou outra brincadeira.
Por tudo isto, não se esqueçam: Vocês são tão heróis como os vossos filhos. É aqui, nestes momentos, que a palavra amor é tão evidente. Se o amor não é palpável, aqui ele é tão visível.

Em cada quarto, em cada cama deste serviço há uma história de vida. Há crianças dos mais variados países, distritos, localidade. Cada uma tem história e qualquer que seja a língua ou dialecto, qualquer que seja o género ou cor da pele, a idade ou personalidade, há algo que é evidente em quem ali está: o amor.

Em jeito de conclusão ouvi há pouco tempo uma frase que fez todo o sentido: “Uma árvore sem raízes é apenas um pedaço de madeira”. E aqui, neste serviço onde trabalho não poderia ter melhor comparação, pois estes seres maravilhosos, sem as suas origens, sem aqueles que os mantêm vivos e os “seguram” seriam simplesmente, crianças “vazias”.

47 comentários:

  1. Muito lindo e comovedor. Obrigada enfermeiro Mario e muita força para enfretar o vosso dia a dia que tambem nao é facil. Um bem haja. Beij

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    1. Muito obrigado, tentarei sempre manter a força. Beijinho e bem haja para si tambem :)

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  2. Mas que texto tão lindo! Muito obrigado enf SUPER Mário! O meu filho ainda hoje fala em si!😊 beijinho

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    1. Obrigado eu! Ai sim? Fico muito contente por saber isso. Posso só perguntar quem é? Porque pelo seu perfil nao consigo identificar quem é :) beijinho e uma vez mais obrigado

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    2. Lindo texto, que retrata a mais pura realidade, sou mãe IPO, dum pequeno grande homem, guerreiro de momento com 10 anos, há 3 anos atrás, estávamos aí no IPO, de 2 de Agosto de 2014 a Fevereiro de 2015.Foi ele, com apenas 7 anos, me deu forças para ultrapassar essa fase de protocolo de quimioterapia...estivemos aí, na passada sexta feira, dia 25 de Agosto, em rotina, fomos ao 7 º piso, e as enfermeiras e um enfermeiro não o conheceram, fisicamente, mas ao verem a minha cara , disseram logo o nome dele.Não o conheço pessoalmente mas algo me diz, que o meu filho teria uma grande empatia por si...Ana Paula Luz mãe do Afonso Luz

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    3. Ana Paula, fico muito contente por achar que o seu filho teria muita empatia comigo. Teria tido todo o gosto em ter feito parte desse percurso que sabemos que nunca é fácil. Fico ainda mais feliz por saber que a razão pela qual não o conheci é porque foi um caso de sucesso! Desejo-lhe a ele, e a si, as maiores felicidades e continuação de sucesso na vossa vida, que tal como o vosso nome, seja repleta de luz!

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  3. Durante o tempo que ali passamos, o IPO torna-se a nossa segunda casa e os medicos, enfermeiros, auxiliares... são a nossa segunda familia. Não sei se vocês têm consciência do impacto e da dimensão que ganham nas nossas vidas. Não são apenas enfermeiros. São muitas vezes psicologos, amigos, confidentes. Oferecem-nos muitas vezes o alento que nós pais precisamos para levantar a cabeça e conseguir levar aquele dia até ao fim.
    O empenho,a dedicação e a atenção que dispensam as vossas/nossas crianças não se encontra em nenhum outro sitio. E é por isso que quando regressamos as nossas casas vocês continuam a fazer parte das nossas vidas. São tantas vezes lembrados e falados com um grande carinho.
    Por tomarem as nossas crianças como vossas,nós pais ser-vos-emos eternamente gratos...uma gratidão imensuravel e infinita ☺

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    1. E acredite que também vocês, pais e crianças, são falados e lembrados entre nós profissionais e lembrados mesmo quando têm alta do Hospital e podem regressar a casa. Se a família não pode ser escolhida, a verdade é que vocês ao passarem tantas horas connosco e em momentos de tanta provação, se tornam parte do nosso "ciclo familiar de trabalho". Afinal a verdade é que passamos mais tempos juntos no hospital do que com a restante família fora dele. Os laços são inevitáveis.
      Nós somos pessoas que estamos, embora com turnos rotativos, presentes 24h no Hospital com vocês e isso permite que sejamos próximos de vocês, que ouçamos o que vos atormenta, que possamos assistir a momentos de felicidade e a momentos de tristeza e de dor. Mas isso é o que faz sentido na nossa profissão. Estaremos sempre prontos a dar o nosso melhor para vos ver um pouco melhor. A vocês e aos vossos filhos.
      Um grande bem-haja!

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    1. AH!!! Tenho saudades dessa pestinha!! Já não vos vejo há uns tempos! O que é bom sinal claro e espero-vos bem (ao pais, ao G. e ao elemento mais novo da família que embora não tendo conhecido, também lá passou muitas noites connosco sem saber! ahah).
      Cumprimentos a todos vocês!

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  5. Enfermeiro Mário, não o conheci, o meu príncipe partiu há já uns anos nessa enfermaria, mas presto a minha homenagem a todos vocês que sentem por cada um deles a sua identidade, mesmo ainda bebés. E a si particularmente por ter o nome do enfermeiro que me segurava de pé sempre que ia a cair. Um bem haja por não os esquecer.

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    2. Não a conheci mas não duvido, nem um pouco, da sua força e do seu valor. Tendo passado naquele serviço, nunca poderia ser de outra forma! Um bem-haja para si Sílvia e permita-me que lhe envie um grande abraço!

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  6. Ser humano é isto mesmo! É sentir! Sentir compaixão, sentir amor, sentir alegria, sentir a tristeza, sentir... Os grandes profissionais são os que não desistem dos sentimentos, são os q recusam a robotização das emoções.
    A falta de humanidade é um flagelo... E só pode ser combatido pelo amor incondicional, por pequenos gestos q fazem tanta, tanta diferença. Estes pequenos guerreiros mostram-nos a essência pura desse amor. Muito grata por haver "Mários" nas nossas unidades de saúde! Serão sempre recordados com carinho, terão sempre um lugar especial no coração dos q partem e nos q ficam... Bem haja!

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    1. Não diria melhor Thelma! Aplaudo as suas palavras. Quando se é enfermeiro determino a existência de dois caminhos distintos para se trabalhar: ou se anda à margem das emoções, permitindo não envolver o psicológico mais do que é estritamente necessário, ou o outra opção e que, para mim, opto de consciência. Falo da entrega aqueles que cuidamos, correndo o risco de chorar, de rir, de sofrer com eventuais perdas mas saindo todos os dias com a alma cheia e a consciência de que se viveu em grande cada momento com estes pequenos.
      Bem-haja para si e que mantenha essa sua opinião em relação às emoções, pois delas dependemos enquanto seres conscientes e racionais.

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  7. Quem entra na pediatria do IPO entra numa outra dimensão. Nunca mais será o mesmo.
    Todos para sempre no meu coração.
    Obrigada pelo amor...

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    1. Concordo plenamente Dª Lília, sejam crianças, familiares ou profissionais! Obrigado pela sua leitura.
      Bem-haja

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  8. Muitos parabéns, pelo testemunho de amor e profissionalismo :) Bem haja!!!

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    1. Muito obrigado eu pelo tempo dedicado a leitura e pelo seu comentário. Bem-haja Dª Susana

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  9. Que lindo texto!!! Sou professora há uns anos e decidi mudar de vida e ser enfermeira. É por causa desse amor todo que coloca na sua profissão e da forma como fala dela, que eu quero trabalhar nessa área. Quero poder dar o melhor de mim às pessoas que sofrem! Obrigada por ser como é e vou ler o seu blog de ponta a ponta.

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    1. Boa noite Helena, fico muito contente por ler as suas palavras. Foi essa a razão que me fez envergar por este caminho que, apesar das provações, me faz orgulhar do meu trabalho. É de pessoas que sentem as coisas dessa forma que a profissão precisa! Terei todo o gosto que o leia, embora ainda não tenha colocado muitos textos até ao momento. Será sempre bem-vinda! Desejo-lhe o maior sucesso no percurso que trilha de momento e no futuro!
      Cumprimentos

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  10. Texto lindíssimo. Palavras de quem sabe amar

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    1. O amor é algo que todo o ser humano necessita, por muito que alguém, eventualmente, o negue. É algo que pode e deve estar presente ao longo da nossa vida, em pequenas coisas, pequenos gestos, até aquando das ligações com outros seres humanos (desde amigos, família, companheir@, desconhecidos). Felizmente, além do meu património genético, que não sei se influencia, cresci rodeado de amor e com lições inconscientes do que é isto: amar. E o amor não é para guardar, recebemos e aprendemos que é uma honra, não custa quase nada, mas a maior lição e desafio, é aprender a distribuí-lo, com um sorriso na cara e felicidade pela partilha!
      Muito obrigado pela sua leitura e comentário Luisa Sousa. Um grande bem-haja para si

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  11. São 03:24, li este texto com o respirar da minha filha encostado ao meu braço e fiquei de coração apertado. Não sei, nem quero imaginar, a dor desses pais, o meu abraço bem apertado para cada um deles. Parabéns pela palavras e por nos relembrar que os enfermeiros são humanos, tal como cada um de nós ;)

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    1. Muito obrigado pela leitura e pelo comentário. Farei o possível por continuar a mostrar que o somos (humanos) e nesta profissão então, não fazia sentido ser de outra forma, na minha perspectiva.
      Desejo-lhe as maiores felicidades, a si, a sua filha e restante família. E que estes meus textos sirvam para ajudar a desfrutarem bem dos tempos juntos, porque o destino por vezes nos trás surpresas menos boas e, portanto o tempo que passamos com quem gostamos é mesmo único e deve ser aproveitado a 100% :)
      Um grande bem-haja!

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  12. Foi o enfermeiro Mário quem nos recebeu no IPO e quem nos deu a primeira alta. Nunca mais me esquecerei das suas palavras, da sua serenidade enquanto cuida da minha pequena, mesmo quando ela dá umas valentes rosnadelas ou grita como se não existisse amanhã.
    Se nós pais nos aguentamos ali, é em grande parte devido a vocês que basta olharem para a nossa cara e saber que estamos em dia não e dizem algo ou contam uma história que de alguma forma nos alivia.
    Um grande beijinho, obrigada por existirem e obrigada por este texto lindo que tanto tocou o meu coração.
    Mãe da Kika Maria

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    1. E lembro-me tão bem desses dois momentos. Lembro-me da sua cara como se fosse hoje e da da pequena M. Já se passou algum tempo e com tudo isto também já se tornaram parte da "família"! E com isto também descobri, com a ajuda da M., que as crianças têm uma capacidade vocal extraordinária, com capacidade para altos décibeis! ahahah. Mas a personalidade de cada um é assim mesmo, e é isso que faz sentido!
      Muito obrigado pela leitura, pelo comentário e, principalmente pelo carinho a que, também vocês nos habituaram. Se há algo de positivo neste malvado caminho, tão injusto com quem não deveria passá-lo, é podermos ter a honra de conhecer pais e pessoas como vocês são.
      Um grande beijinho e até breve :)

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  13. Muitos parabéns enfermeiro Mário pelo lindíssimo texto e pelo amor que tem pela sua profissão e pelos seus meninos.
    Sou avó de uma "Fera" com 5 aninhos que está a ser seguida no ipo.Não sei se já se conhecem.
    A Leonor está a fazer quimioterapia.
    Um beijinho e bem -haja por tudo o que faz pelos nossos meninos.

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    1. Boa tarde D.ª Natália! Primeiro que tudo peço desculpa não lhe ter respondido mais cedo, mas não me foi mesmo possível.
      Conheço essa "Fera" sim, embora me tenha cruzado pouco com ela, dado que se encontra mais em Hospital de dia e eu estou maioritariamente no internamento. Mas pelo que já conheci, dou-lhe desde já parabéns pela neta que tem!
      Muito obrigado pela sua leitura e pelas suas palavras!
      Um beijinho de volta também para si com desejo de tudo de bom, para si e para a sua família.

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  14. Adorei,chorei,revivi tudo de novo. Obrigada. Beijinhos da mãe do Daniel Berezine.

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    1. Obrigado eu pela leitura e pelo carinho e atenção que as suas palavras transmitem. Beijinhos e as maiores felicidades :)

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  15. Maravilhosas palavras... bela dedicatória a todas as crianças e pais que por esse serviço passam. Com toda a certeza que cada um deles também o terá no coração. Grata por tanto amor partilhado e por amar a sua profissão, essa é a base e a razão de toda a sua dedicação e amor. Bem haja Mario.. ❤️��

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    1. Muito obrigado Marta! Concordo consigo e se, na minha opinião, todas as profissões deverão ser desempenhadas por profissionais que gostem do que fazem, na minha isso torna-se ainda mais evidente e imperativo, dado que lidamos muitas vezes com o lado mais debilitado de seres humanos, desde recém-nascidos a idosos. Se os meus utentes também me levarem no coração é sinal que a missão, enquanto enfermeiro, é atingida.
      Um grande bem-haja :D

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  16. Parabéns por estas palavras maravilhosas, chorei,ri,e senti cada palavra que escreveu, obrigado por ser uma pessoa maravilhosa e amar aquilo que faz. Gostaria de ter sido enfermeira mas não sou, mas se fosse gostaria de ser como o Enf Mario, obrigado pela força, coragem e amor

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    1. Muito obrigado Antónia, fico muito lisonjeado e admito que também envergonhado, pois apenas sou aquilo em que acredito. Aquilo que gostaria que fossem para mim se estivesse do outro lado do cuidar.
      Muito obrigado pela sua leitura e comentário.
      Um bem-haja!

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  17. Que texto maravilhoso. Que grande ser humano!O texto grande e extenso. Cada linha, cada palavra, cada frase, dava vontade de ler. De ler, de chorar, de rir,e principalmente de graças por o ser humano que é o Mário. Deixo um abraço muito quentinho a todas as crianças que estão a "viver" essa malfadada doença e aos seu Pais. Para si, Mário, vai toda a minha admiração pelo excelente profissional que é...

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    1. Muito obrigado pelas suas palavras e pela sua leitura! Fico muito feliz que o meu texto lhe tenha permitido sentir assim, pois significa que consegui transpor pela escrita, o sentimento que possuo aquando do desempenho de funções neste grandioso local.
      Uma vez mais, muito obrigado e as maiores felicidades!

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  18. Olá Mário :)
    Descobri o seu texto através de uma amiga comum.
    Eu sou uma filha Curry Cabral e IPO ou fui..
    Entre 17 de Abril de 2002 e o fatídico dia 26 de Setembro de 2003,o IPO foi a minha segunda casa mais propriamente a unidade de Hematologia.
    Estavam ambos internados. O pai no Curry Cabral, a mãe na Hematologia do IPO. Lembro me de um texto que escrevi e deixei no Mural da unidade a que chamei Aos Anjos de Bata Branca.
    E sem me alongar muito, partilho e registo o seguinte: um dos Enfermeiros que mais tempo passou com a minha Mãe no isolamento, foi o Enfermeiro Paulo. O que ele fazia estava além das suas competências técnicas e profissionais. NÓS não podíamos tocar na mãe e comunicávamos através de um vidro. É sempre ou quase sempre quem lá estava era o Enf°Paulo em amena cavaqueira com a D. Olinda.
    Foi ele que lhe tapou o cabelo, foi ele que lhe cortou as unhas, era ele que lhe dava o comer quando ela nem forças para isso tinha. Este senhor trocava turnos para estar mais tempo com a minha Mãe, nós dias em que estava mais em abaixo...
    Nunca pude abraçar este Enfermeiro e agradecer lhe como filha o que fez pela minha Mãe mas deixo lhe a si este abraço multiplicado pela infinidade de Gratidão que sinto.
    Bem haja Enf°Mário
    Bem hajam todos vós Anjos de Bata Branca

    Sandra Nóbrega

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    1. Boa tarde Sandra! Antes de tudo mais, muito obrigado pelo comentário e partilha e desculpe-me por só agora lhe responder mas não me foi possível antes.
      Fico muito feliz por perceber o carinho com que ficou desse profissional e acredite que, mesmo sem o ter abraçado ele percebeu, com certeza o carinho que nutria por ele. Pelo que o abraço embora não tenha acontecido, terá sido idealizado.
      Da minha parte retribuo com um enorme abraço de força e um grande bem-haja!

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  19. Parabéns Enfermeiro Mário, pela sua humanidade, pelo seu carácter , enfim por existir e ser o exemplo de Homem que é ( cumprimentos esses também aos seus pais) por terem criado um ser maravilhoso como é , nas nossas dores esquecemos por vezes as dores de quem nos rodeia, mas os Mários que estão ali à nossa beira não se esquecem de nós, quando nos amparam, quando nos aturam ... obrigada por existir e ser como é , espero nunca o conhecer profissionalmente, mas teria um grande prazer e dar lhe aquele abraço que só uma mãe/pai que sofre com um filho doente lhe saberá dar. Muitas felicidades Anjo de bata branca.

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    1. Muito obrigado MEB, por essas palavras e por ter despendido um pouco do seu tempo para ler o meu texto. Concordo consigo e se hoje sou o que sou (ou como sou), devo-o em grande parte à capacidade dos meus pais em me passarem valores e ensinarem o que significa amar.
      Teria todo o prazer nesse abraço e espero efectivamente, que a titulo profissional, não a venha a conhecer ;)
      Desejo-lhe as maiores felicidades!

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  20. Ser humano maravilhoso...no meio de um mundo egoísta, perverso,onde interesses materiais e ascensão social é o mais importante para 2 terços da população mundial.

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    1. Antes de mais, as minhas mais sinceras desculpas por ter demorado tantos meses sem responder ao comentário mas estive algum tempo sem seguir os comentários dos post's anteriores e só hoje o estou a fazer. Muito obrigado pelas palavras e pelo carinho da mensagem! Um bem-haja para si!

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  21. Um relato com características de um profissional que trabalha com amor, que se emociona com a dor de seu paciente,. Parabéns pela representação humanitária expressa em palavras que explicitam sua essência.
    Sou da área de saúde (Técnica de Enf) 29 anos dentro de hospitais onde vivi os melhores momentos de minha vida, doei tudo de mim, e faria tudo de novo!
    Maravilha saber que existem profissionais com essa qualidade humanitário , Mário.
    Abraço e felicidades.

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    1. Antes de mais, as minhas mais sinceras desculpas por ter demorado tantos meses sem responder ao comentário mas estive algum tempo sem seguir os comentários dos post's anteriores e só hoje o estou a fazer.
      Agradeço imenso as suas palavras e carinho com que respondeu ao meu texto! São pessoas como a senhora que também fazem a diferença! Lutemos por um mundo melhor!
      Muitas felicidades para si também!

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